segunda-feira, 18 de maio de 2009

Atrás do Riso, Tortura e Dor


Os circos surgiram na China, há cerca de 5 mil anos, com espetáculos estrelados principalmente por dançarinos e acrobatas. Registros históricos indicam também a ocorrência de shows com malabaristas no Antigo Egito e contorcionistas na Índia. Na Grécia Antiga, espetáculos de destreza e equilíbrio eram complementados pelos sátiros, precursores dos palhaços, que faziam o público rir, com piadas e estripolias.

Assim, podemos concluir que o circo, desde sua origem, é um espaço para manifestações culturais e artísticas que enfatizam o talento humano. Entretanto, esse propósito legítimo encontra-se deturpado e, infelizmente, muitos circos de hoje não passam de palco para a dor, escravidão, crueldade e morte­. Nada a ver com a beleza e a alegria com que deveriam brindar seu público!

Os animais utilizados nos espetáculos circenses são muito sofridos. Perdem seus ambientes naturais e passam a viver em cativeiro por toda a vida, presos por correntes ou contidos por fios elétricos, em espaços exíguos. Vivem estressados no interior de gaiolas ou jaulas pequenas, que lhes impedem os movimentos próprios da espécie. Normalmente, permanecem isolados em espaços escuros, longe da luz do dia. É comum que fiquem junto aos seus dejetos. Mal alimentados. Na maior parte das vezes, sem nenhuma assistência médico veterinária. Não raro, sofrem mutilações para que se tornem inofensivos (chimpanzés tem seus dentes serrados, os grandes felinos tem suas garras extraídas...) Transportados em desconforto, percorrem distâncias imensas em viagens intermináveis, condições climáticas adversas. Quando velhos e doentes, normalmente são abandonados.

Os bichos são obrigados a realizar espetáculos como dançar, pular, fazer piruetas, atravessar rodas de fogo, a vestir-se de forma ridícula...

Para que desempenhem um comportamento tão contrário à sua natureza, sofrem adestramento cruel, com repetição de atos, que podem envolver espancamento, choques elétricos, pisoteio sobre chapas quentes, privação de alimento...

O público ri. Ignora o que existe atrás dos bastidores.



Os circos com animais vem sendo condenados no mundo todo porque:

· Desrespeitam a vida, e portanto, os valores éticos e morais.

· Praticam a crueldade, o que não encontra espaço no processo civilizatório.

· Deseducam. As crianças recebem noções falsas, assistem a um desempenho atípico dos animais.

· Envolvendo o comércio de animais exóticos, podem propiciar o seu tráfico.

· Sem condições adequadas de segurança, os circos constantemente expõem a população a riscos gravíssimos. Numerosos casos de acidentes graves, com mutilações e mortes já ocorreram devido a ataques de animais selvagens.

Animais famintos e enjaulados, com danos psicológicos causados pelos maus-tratos a que estão sujeitos, são altamente propensos a reagir de forma inesperada e agressiva.

Vale lembrar que, na maior parte dos acidentes, as vítimas principais foram crianças.

Legislação.

· A Constituição Federal veta as práticas de crueldade contra os animais (Art. 225-VII), Cap. Meio Ambiente.

· A Lei Federal 9.605/98 tipifica como crime “ praticar atos de abuso,maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos (Art.32).

· A Declaração Universal dos Direitos do Animais, proclamada pela UNESCO em 1978, Bruxelas, da qual o Brasil é signatário, preceitua: Art. 10: “ a)nenhum animal deve ser usado para divertimento do homem. b)a exibição dos animais e os espetáculos que os utilizam são incompatíveis com a dignidade do animal”.

O que queremos?

Que a arte circense brilhe em toda a sua plenitude, mas de forma ética.

Que os artistas de circo tenham a chance de encontrar trabalho, em vez de terem seu espaço ocupado por escravos sem voz- os animais.

Que as crianças de hoje aprendam a respeitar todas as formas de vida e a valorizar a liberdade, o que é incompatível com as abjetas apresentações de animais nos picadeiros. VIVA O CIRCO SEM ANIMAIS!


Sônia Fonseca

Fonte: http://www.forumnacional.com.br

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